Os bebês
humanos estão entre os mais indefesos de todos os mamíferos. Por causa do maior
tamanho do cérebro e do fato de que o tecido nervoso necessita de mais calorias
para se manter que qualquer outro, grande parte do alimento ingerido é gasto em
prover nutrição e calor para as células nervosas. Mais significante é o fato de
que nossos bebês necessitam nascer mais cedo do que deveriam, com seus cérebros
ainda não totalmente desenvolvidos. Se o bebê humano nascesse já com o sistema
nervoso central amadurecido, sua cabeça não passaria pela pelve estreita da mãe
no momento do parto. Ao contrário de outros mamíferos, como girafas e cavalos,
o recém-nascido humano é incapaz de andar por um longo período após o
nascimento, porque lhe falta o aparato neurológico maduro para tanto. O custo
primal de ter um cérebro grande é que nossos filhotes nascem extremamente
dependentes e em necessidade constante de cuidado. O
crescimento do nosso cérebro após o nascimento é mais rápido do que o de
qualquer outro mamífero e segue neste ritmo por 12 meses. A seleção
natural demanda que pais humanos cuidem de seus filhos por um longo período e
que os filhos dependam dos pais. Esta necessidade mútua traduz-se em um estado
emocional chamado “apego”.
Em algumas
culturas, como na tribo "!Kung", bebês raramente choram por longos períodos e não
há sequer uma palavra que signifique “cólica”. As mães carregam os bebês junto
ao corpo, com um aparato semelhante a um “sling”, mesmo quando saem para a
colheita. A relação mãe-bebê é considerada sacrossanta, eles permanecem juntos
o tempo todo. O bebê tem livre acesso ao seio materno e vê o mundo do mesmo
ponto de observação que sua mãe.
Nossa
cultura ocidental não permite um estilo de vida idêntico ao de tribos
primitivas, mas podemos tirar lições valiosas sobre como ajudar nossos bebês na
adaptação à vida extra-uterina. Nos
primeiros 3 meses de vida, o bebê humano é tão imaturo que seria benéfico a ele
voltar ao útero sempre que a vida aqui fora estivesse difícil. É preciso
compreender o que o bebê tinha à sua disposição antes do nascimento, para saber
como reproduzir as condições intrauterinas. O bebê no útero fica apertadinho,
na posição fetal, envolvido por uma parede uterina morninha, sendo balançado
para frente e para trás a maior parte do tempo. Ele também estava ouvindo
constantemente um barulho “shhhh shhhh”, mais alto que o de um aspirador de pó
(o coração e os intestinos da mãe). A
reprodução das condições do ambiente uterino leva a uma resposta neurológica
profunda “o reflexo calmante”. Quando aplicados corretamente, os sons e
sensações do útero têm um efeito tão poderoso que podem relaxar um bebê no meio
de uma crise de choro.
No próximo
post: Os 5 métodos para acalmar um bebê de até 3 meses de idade.
Bibliografia:
The Happiest Baby on the Block, Dr. Harvey Karp, Bantam Dell, 2002. New York.
Our Babies, Ourselves: How Biology and Culture Shape the Way We Parent,
Meredith F. Small, Anchor Books, 1998. New York.
Texto organizado por Flavia O. Mandic
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